Friday, May 13, 2011

Prefácio - O Logos Joanino

O título deste livro, O Logos Joanino, pode intimidar alguns leitores. Tal reação é compreensível, embora injustificável. Numa era quando livros religiosos populares (eu não disse livros cristãos!) carregam títulos como Atitudes para ser Feliz e Dinheiro, Sexo e Poder, O Logos Joanino parece tanto maçante como difícil. Ele não promete excitação nem felicidade; pior ainda, o leitor nem mesmo tem certeza de como as palavras Joanino e Logos deveriam ser pronunciadas, muito menos o que elas significam.

Mas o leitor não deveria ser desencorajado pelo título, pois o assunto do livro é muito interessante. De fato, se o leitor estiver mais interessado em dinheiro, sexo e poder do que em teologia cristã, há algo radicalmente errado com ele. Ele, mais do que os outros, precisa ler este livro.

O Logos Joanino lida com o próprio significado do cristianismo. O Dr. Clark não está discutindo questões triviais ou acadêmicas, mas a natureza da fé salvífica, da verdade e do próprio Cristo. Quanto ao título intimidador, Joanino é simplesmente o nome João colocado na forma de um adjetivo, assim como Paulo torna-se Paulino e Pedro, Petrino. A palavra grega logos é a palavra da qual obtemos a nossa palavra portuguesa lógica. Na Bíblia ela é comumente traduzida como palavra, doutrina, ensino, etc. O Logos Joanino é, portanto, um estudo de como o apóstolo João usa a palavra logos em seus escritos. Visto que João a usa para referir-se tanto a Cristo como ao que ele ensinou, o apóstolo identifica Cristo como o que ele ensinou. De fato, Cristo mesmo disse, “Eu sou a verdade”.

Algumas das implicações desse ponto óbvio e elementar são surpreendentes para alguém adaptado ao suposto cristianismo da América do século vinte, pois temos sido ensinados que a fé não é uma questão da cabeça, mas do coração; temos sido informados que crer na verdade é um ato frio e impessoal, e que precisamos de um relacionamento pessoal caloroso com Deus; e temos ouvido dizer que fé é confiar numa pessoa, não acreditar numa proposição ou concordar com um credo. Temos sido ensinados que há dois tipos de verdade, ou duas “dimensões” da verdade, intelectual e pessoal – como se pessoas não tivessem intelectos, e intelectos não fossem pessoas – e que a “verdade pessoal” é superior à “verdade intelectual”. Temos ouvido dizer que ser ou tornar-se um cristão significa ter um encontro ou uma experiência ou um relacionamento com Cristo, não simplesmente crer na Bíblia. Toda essa confusão contemporânea não tem nada a ver com cristianismo, se por cristianismo queremos dizer o que a Bíblia ensina, não o que as igrejas ensinam.

Assim como Cristo corrigiu alguns dos erros ensinados pelos líderes religiosos dos seus dias em seu Sermão do Monte, o objetivo de O Logos Joanino é corrigir alguns dos erros dos líderes religiosos contemporâneos. Clark pretende esclarecer o que o apóstolo João – e, portanto, o Espírito Santo – ensina sobre doutrina e vida. Em dúvida, João mesmo deixa isso claro: ele cita Cristo dizendo “as palavras que eu vos disse são espírito e vida” (Jo 6.63) – mas o “cristianismo” contemporâneo é tão oposto à ideia que palavras, doutrina e verdade são vida que Clark foi obrigado a gastar mais de cem páginas para explicar esse ponto elementar. A sociedade oriental da primeira metade do século I aparentemente não era tão irracional quanto a sociedade ocidental do século XX.

Infelizmente, alguns leitores serão persuadidos, a despeito dos extensos argumentos escriturísticos deste livro, que Clark está apresentado aqui uma novidade, um novo ensino que é duvidoso na melhor das hipóteses e herético na pior. Tamanha é a extensão da ignorância contemporânea – e arrogância – que muitos que sustentam visões contrárias à Escritura estão convencidos que eles são ortodoxos e que qualquer pessoa que discorde deles está em erro. Já passaram-se quinze séculos desde que Agostinho foi acusado de reduzir Deus a uma proposição porque ele insistia, com a Escritura, que Deus é a verdade. À medida que adentramos na Nova Idade das Trevas, a mesma objeção será feita contra Clark.

Todavia, o leitor crente se beneficiará imensamente deste livro. Se Agostinho conseguiu luz de umas poucas velas um pouco antes da Noite espiritual chamada Idades das Trevas envolver o mundo por mil anos, talvez Gordon Clark consiga um pouco mais de luz. Oremos para que a Noite vindoura seja curta, e uma aurora desperte o mundo rapidamente.

John W. Robbins

18 de março de 1989

1 comment:

Diana Rangel said...

esse livro existe pra comprar/baixar?